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7 de dezembro de 2015

Imortalidade, O Dom Que Separa Os Homens Dos Deuses

۞ ADM Sleipnir


A morte atormenta a consciência dos homens desde que testemunharam a primeira morte e perceberam sua própria e eventual extinção. A inevitabilidade da morte e a especulação sobre a natureza da vida após a morte sempre foi um objeto de obsessão para os místicos e filósofos. A imortalidade é um sonho para os seres humanos, um desejo universal - seja por medo, por sede de conhecimento ou por motivos pessoais. 

Para muitas culturas, a imortalidade é a principal qualidade que separa os deuses dos humanos. Enquanto os seres humanos nascem, submetidos à vontade da natureza e morrer, os deuses dos antigos e dos deuses de hoje são geralmente caracterizados como imortais, imunes à escuridão que aguarda os homens.

Mitologias e crenças de todas as partes do mundo possuem histórias e métodos pelos quais um mortal pode vir a obter a imortalidade. Abaixo você poderá conhecer algumas delas.

Ingestão de Cinábrio (Taoísmo) 

Cinábrio é nada mais que o minério comum de mercúrio e um ingrediente essencial para o elixir da imortalidade taoísta, que foi chamado huandan (ou "Elixir Revertido"). Os taoístas acreditavam que a ingestão de certos materiais, como o cinábrio ou ouro, poderia infundir algumas de suas qualidades e livrar o corpo das imperfeições que impedem o ser humano de obter a imortalidade. Infelizmente, a maioria dos itens que eram ingeridos eram venenosos, e por causa disso, muitas pessoas morreram, incluindo muitos dos imperadores da dinastia Tang. 


Uma planta desconhecida (Mitologia Suméria)

Na Epopéia de Gilgamesh, o herói parte numa jornada em busca da fonte da imortalidade, por causa da aflição pela qual passou ao ver seu amigo Enkidu morrer, fazendo-o temer a própria morte. Sua busca acaba levando-o até Utnapishtim, uma figura semelhante a Noé que por sua sabedoria e virtude, foi agraciado com a imortalidade pelo deus Enlil. Utnapishtim tenta fazer Gilgamesh desistir de sua busca, dizendo-lhe que a morte era uma realidade incontornável. No entanto, desafiou-o a ficar acordado durante seis dias e sete noites, prometendo tornar-lhe imortal após esse teste. Gilgamesh, não consegue superar a prova e então percebe finalmente que não é e nem poderia ser diferente dos outros homens, então parte para a sua terra natal, mantendo a sua condição de mortal. Antes de sua partida, porém, Utnapishtim conta-lhe sobre uma planta que vivia no fundo do oceano e que devolvia a juventude a quem se picasse nos seus espinhos. Gilgamesh desceu ao fundo do oceano e com grande dificuldade obteve a planta e guardou-a para experimentar os seus poderes num velho da sua cidade, mas, num momento de descuido, a planta é roubada por uma serpente durante sua jornada de regresso.




Pêssegos da imortalidade (Mitologia chinesa) 

Os pêssegos da imortalidade chineses desempenham um papel muito importante no épico “Jornada para o Oeste”. Sun Wukong, o Rei Macaco, foi escolhido como o protetor dos pêssegos e acabou consumindo um deles, o que lhe rendeu mil anos de vida. Ele escapou de sua condenação no início, porém mais tarde acabou sendo capturado. Como havia se tornado imortal, Sun Wukong não pôde ser executado.

Sun Wukong acabou lutando na guerra contra o Céu e os deuses tiveram que recorrer a Buda, que conseguiu enganar Sun Wukong e prendê-lo durante cinco séculos.Foi após esse tempo que sua missão passou a ser descrita pela obra “Jornada para o Oeste”. O Imperador de Jade (o senhor dos céus e de todos os domínios de existência abaixo, incluindo o homem e o inferno) e sua esposa, Xi Wangmu, foram considerados os plantadores do pessegueiro, que só dava frutos amadurecidos a cada 3 mil anos. Eles alegremente deram os pêssegos das colheitas seguintes aos demais deuses, a fim de que eles também se mantivessem vivos para sempre.




Amrita (Hinduísmo)

Amrita é uma palavra em sânscrito que pode ser traduzida literalmente  para o português como “imortalidade”. Os Devas eram originalmente mortais ou perderam sua imortalidade por causa de uma maldição e estavam constantemente na procura de uma maneira de obter a vida eterna novamente. Eles se uniram com seus inimigos, os Asuras, para agitar o oceano de leite e criar um néctar chamado amrita. Os Devas acabaram ludibriando os Asuras, convencendo-os a não beber o líquido. Para isso, fizeram Vishnu se disfarçar de uma deusa do sexo feminino, e dessa forma poderia inserir um desejo incontrolável no coração de qualquer um. 


Maçãs Douradas (Mitologia Nórdica) 

As maçãs douradas nórdicas são diferentes das suas homólogas gregas, porque elas são de extrema importância para as divindades nórdicas. Todos os deuses nórdicos necessitavam consumir essas maçãs para manterem sua imortalidade e sua eterna juventude. 

Idun, a deusa da primavera, era a guardiã do pomar das maças douradas. Após ser enganada por Loki e ser entregue ao gigante Thiassi, juntamente com as maçãs, os deuses nórdicos começaram a envelhecer e seu poder diminuía a cada instante. Com a sua última gota de força, os deuses forçaram Loki a resgatar Idun e recuperar as maçãs. Com dificuldade, Loki consegue resgatar Idun e as maçãs, e assim os deuses recuperaram sua fonte de juventude eterna. 



Ambrosia (Mitologia Grega) 

Ambrosia é o alimento fonte da imortalidade dos deuses olímpicos, vetado aos mortais. Descrito como um poderoso alimento de sabor divinal e usado como fragrância perfumada, quando os deuses ofereciam o alimento a uma pessoa comum, ao experimentá-lo sentia-se plena de felicidade e tornava-se imortal. Os alimentos dos deuses teriam o poder de cura e podiam até ressuscitar os mortos nas batalhas.

Vários mortais e semideuses, como Héracles, tiveram o privilégio de consumí-lo, enquanto alguns o roubaram e foram punidos. Tântalo, rei mitológico da Frígia, foi enviado vivo ao Tártaro pelos deuses, após roubar-lhes uma porção de ambrosia, além de outros crimes. No Tártaro, ele foi lançado num vale abundante em vegetação e água, onde foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água esta escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento.

Outros quase a provaram, mas no último momento acabaram sendo impedidos, como o herói Tideu. Ele era um protegido da deusa Atena, e a mesma apareceu-lhe certa vez trazendo consigo uma porção de Ambrosia, a qual Tideu deveria beber para se tornar imortal. Atena acabou voltando atrás de sua decisão, após ver Tideu devorando o cérebro de um homem.



O Santo Graal (Mitologia cristã) 

Uma das peças mais conhecidas da mitologia cristã é o Santo Graal, o copo (ou taça) no qual Jesus bebeu na Última Ceia, e era uma relíquia amplamente procurada. Acreditava-se também ser o recipiente com o qual José de Arimatéia coletou o sangue de Cristo enquanto o mesmo padecia na cruz. De acordo com a lenda, apenas as almas mais puras seriam capazes de encontrá-lo.

O Santo Graal assume uma representação de imortalidade na história do Rei Arthur. Os Cavaleiros da Távola Redonda tinham a missão de encontrar o Santo Graal, e Galahad, por sua pureza e piedade, é considerado o único a realmente alcançar a taça mitológica.



Obter a imortalidade nem sempre pode ser considerado algo bom. Abaixo segue algumas histórias onde obter a imortalidade é uma verdadeira maldição.

Comer a carne de uma Ningyo (Mitologia Japonesa) 

Na mitologia japonesa, existe uma espécie de criatura similar a uma sereia conhecida como Ningyo. Descrita como um cruzamento entre um macaco e uma carpa, essa espécie vive no mar e, normalmente, traz má sorte ou tempestades se capturada. Se uma dessas criaturas for avistada em terra, trata-se de um presságio de guerra. Um mito particular envolve uma menina conhecida como "A Freira de Oitocentos Anos." De acordo com o mito, seu pai trouxe carne de ningyo para casa sem saber, e após se alimentar da mesma, a menina foi amaldiçoada com a imortalidade. Depois de anos de tristeza vendo seus muitos maridos e filhos morrerem, ela decidiu dedicar sua vida a Buda e se tornou freira. Por causa de sua santidade, ela foi autorizada a morrer quando atingiu a idade de 800 anos.


Zombar de Jesus (Mitologia Cristã) 

Na mitologia cristã, existe uma história sobre um homem judeu que zombou de Jesus durante sua caminhada para ser crucificado. O homem atirou-lhe sapatos, dizendo-lhe para se apressar. Jesus respondeu-lhe então, dizendo que, apesar dele estar indo embora, o homem judeu teria que ficar aqui na Terra até que ele voltasse.

Após perceber o que tinha acontecido, o homem adotou para si o nome de José, se converteu ao cristianismo e foi batizado logo em seguida. No entanto, nada disso o livrou de sua maldição. O homem não era capaz de se sentar ou descansar em momento algum, exceto no Natal. Além disso, a cada 100 anos ele ficava extremamente doente por um período de tempo, passando a ter 30 anos de novo ao final do ciclo.


Provocar a fúria de um Deus (Mitologia Grega) 

Um tema comum em muitos mitos gregos que envolvem os mortais era o castigo e o perigo da arrogância ou do orgulho extremo entre os reles seres humanos. Muitos mortais tentaram enganar ou desafiar os deuses – todos foram punidos, muitos deles por toda a eternidade.

No início de sua vida, Sísifo tentou enganar Zeus e deu um jeito de prender Thanatos, a personificação da morte na mitologia grega. Isso transformou o mundo num lugar onde ninguém poderia morrer, o que realmente incomodou Ares, o deus da guerra. Por sua traquinagem, Sísifo foi punido com a tarefa de ter que rolar uma pedra colina acima todos os dias, só para rolá-la de volta morro abaixo todas as noites.

Outra história envolve o Rei Ixion, que, já em apuros por ter assassinado o sogro, foi até Zeus para pedir perdão. Enquanto estava no Monte Olympus, ele cometeu o erro de tentar estuprar Hera. Zeus descobriu e guiou Ixion de propósito até uma nuvem em forma de deusa. A punição do mortal foi ficar preso a uma roda de fogo para sempre.


traduzido e adaptado de:  
outras fontes de pesquisa:
  • http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/
  • www.megacurioso.com.br
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6 comentários:

  1. ADM Sleipnir primeiro meus parabéns pela matéria, foi muito bem pesquisada e elaborada. Mas gostaria de deixar uma sugestão. Porque você não pesquisa sobre o primeiro casal humano. Adão e Eva. E sobre o fato de eles terem perdido a vida eterna (imortalidade)? Parabéns mais uma vez.

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    1. Olá, obrigado pelo comentário. Eu não fiz uma postagem específica sobre Adão e Eva porque já há no blog uma postagem sobre o Éden (http://portal-dos-mitos.blogspot.com.br/2014/05/eden.html), onde já é narrada a história deles.

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  2. Sim acabei até de deixar um comentário lá e obrigado. Agora se pararmos para pensar será q o fato de nós não aceitarmos a morte é pq não fomos criados para morrer? E sim para viver para sempre?

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  3. Nossa essa do cara do calvário de Cristo eu não sabia. Há uma lenda que a marca que Caim recebera de Deus para que ninguém o matasse e ele fosse um fugitivo eterno seja a imortalidade vampírica.

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    1. Isso não é uma lenda e sim a história do RPG Vampiro a Máscara.

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  4. Gostei do post. Pouco importa se é RPG ou outra fonte. O relevante é tratar sobre o assunto sem "nóias" e ideias pré-concebidas. A postagem foi bem preparada e feita com capricho, e pode fazer com que as pessoas se interessem sobre o assunto, estimulando-as a pesquisarem e investigarem a fundo.

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